TESTE DE CARGA MÁXIMA NA MUSCULAÇÃO Por Professor Maurício de Arruda Campos CREF: 2597-G/SP. Colaboração: Professor Rogério Carvalho Prates     A utilização do teste de carga máxima, muito comum para a avaliação e prescrição de sobrecargas de treinamento na musculação, deveria ser revista devido a alguns fatores que podem ser considerados muito mais importantes do que o conhecimento da intensidade do exercício e que, com o referido teste, são negligenciados. Os seguintes fatores devem ser levados em consideração no momento de se considerar a utilização ou não do teste de carga máxima:   1- O teste induz a uma produção de força pelo sistema musculoesquelético, que, na maioria das pessoas, provoca muita dor muscular devido às micro-lesões provocadas pelo excesso de esforço. 2- O excesso de sobrecarga impõe, ainda, um risco de lesão muito grande sobre todos os tecidos do sistema musculoesquelético durante a execução do teste. 3- A homeostase do corpo humano é quebrada de maneira muito brusca com o teste e isso pode provocar um aumento da resistência do sistema nervoso a pratica do exercício e diminuir a aderência ao programa de musculação. 4- O valor de carga máxima encontrado para cada exercício específico muda durante cada dia de adaptação do corpo humano ao programa. Como uma das primeiras adaptações que ocorrem com o treinamento é a melhoria do recrutamento de unidades motoras, em poucos dias de treinamento, por exemplo, a carga máxima de um indivíduo já não é a mesma que a encontrada há alguns dias atrás, ou seja, as porcentagens de carga máxima utilizadas numa semana já não serão as mesmas na semana posterior do treinamento, caso o indivíduo mantenha a mesma sobrecarga de trabalho. 5- Como toda prescrição inicial segura de musculação deveria começar com cargas baixas e repetições altas, não há sentido em se fazer o teste de carga máxima (exigindo muito do sistema musculoesquelético) se a prescrição correta será de um trabalho de resistência e não de força, independentemente da intenção do indivíduo que está iniciando um programa de exercícios de musculação. 6- O tempo de duração do teste, na maioria das vezes, também inviabiliza a sua prática por tomar muito tempo do profissional e do aluno.   Vários dados da anamnese e avaliação física, como os fatores de risco de doenças crônico degenerativas, hábitos de vida e alimentares, tipo de trabalho, idade, nível de condicionamento, perfil lipídico, porcentagem de gordura e massa corporal magra, por exemplo, devem ser o foco principal de uma prescrição eficiente de exercícios de musculação que respeite, acima de tudo, a individualidade biológica e a segurança do exercício. Há casos em que o teste de carga máxima é de fundamental importância como nos trabalhos científicos e no treinamento desportivo, por exemplo, porém seu uso no dia-a-dia nas academias precisa ser reconsiderado para que a finalidade do teste não sobreponha a finalidade principal da musculação que é a melhoria da saúde, qualidade de vida e capacidade funcional do ser humano.